Mudanças de hábito que reduzem o risco de câncer

PREVENÇÃO

O câncer, após a doença cardiovascular, é a enfermidade que mais causa mortes no mundo. De acordo com a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) foram registrados mais de 18 milhões de novos casos de câncer em 2018, com a morte de mais de 9,6 milhões de pessoas devido à doença.

 

Ainda segundo a agência, o câncer de pulmão é a principal causa de morte tanto para homens quanto para mulheres, além de ser a principal causa de morte por câncer em 28 países.

 

Muitas das mortes podem ser evitadas por mudanças de hábitos de vida: manter o peso ideal, consumir uma dieta rica em frutas e vegetais, manter uma atividade física regular, evitar o consumo de cigarro e evitar o consumo de álcool.

 

Sabe-se que o câncer é uma doença em que fatores internos (herança genética e sistema imunológico) interagem com fatores externos (ambientais, ocupacionais e comportamentais) para desencadear o processo de carcinogênese (formação de um câncer), que pode transformar uma célula normal em uma célula neoplásica em meses, anos ou décadas.

 

O conhecimento dos fatores de risco para o câncer, do processo de carcinogênese e das estratégias de prevenção e detecção precoce pode evitar o aparecimento de centenas de milhares de novos casos e diminuir consideravelmente a quantidade de mortes por câncer. A partir da segunda metade do século XX, em diversos estudos científicos, foram demonstradas correlações entre as centenas de fatores de risco e a ocorrência de diversos tipos de câncer. Nesse período, também foram desenvolvidos estudos sobre as intervenções que podem evitar o aparecimento da doença, bem como detectá-la precocemente e, com isso, aumentar as chances de sobrevida e de cura.

 

Esse conhecimento, apesar de amplamente disponível, ainda é pouco utilizado para a elaboração de políticas públicas, programas, projetos e ações de controle do câncer. As ações de prevenção são as únicas que podem ter impacto tanto na diminuição da incidência como na redução da mortalidade. Entretanto, as ações de prevenção correspondem a uma parcela mínima dos orçamentos públicos e privados responsáveis pela saúde de milhares de indivíduos em todo o mundo.

 

Nos últimos 20 a 30 anos, os custos com o tratamento do câncer aumentaram de forma exponencial e não se refletiram em um aumento significativo da sobrevida nem na diminuição da mortalidade para todos os tipos de câncer. Apesar dos altos custos associados com as ações de prevenção e detecção precoce, os resultados são evidentes tanto em termos sociais (diminuição dos casos de câncer, da morbidade e da mortalidade) como econômicos (diminuição dos gastos diretos, com o tratamento, e indiretos, com a mortalidade e a morbidade).

 

Os fatores ambientais, ocupacionais e comportamentais (externos) são responsáveis por cerca de 90% a 95% dos casos novos. Apenas 5% a 10% dos casos de câncer estão relacionados à herança genética familiar. Em alguns tipos de câncer, esses fatores genéticos podem contribuir com maior proporção de casos. Em geral, os cânceres em crianças, adolescentes e adultos jovens têm uma relação maior com o componente genético em comparação com os cânceres que ocorrem em adultos e idosos.
Alguns cânceres estão associados a determinados fatores de risco, como câncer de pulmão (uso de cigarro, ocupação, exposição à radiação ionizante) e de cólon e reto (excesso de peso, consumo excessivo de carne vermelha e processada, pouca fibra na dieta, sedentarismo, consumo de álcool). Outros a poucos fatores, como câncer de pele (exposição à radiação ultravioleta) e mesotelioma (ocupação), e ainda outros a fatores de risco pouco conhecidos (como o câncer de próstata).

 

No mundo, numa faixa de 20% a 25% das mortes por câncer se deve ao consumo de tabaco, 5% ao consumo de álcool, e pouco menos de 5% por outras causas. A poluição ambiental e a exposição ocupacional aos agentes carcinogênicos estão relacionadas a aproximadamente 200 mil mortes por câncer ao ano.

 

No Brasil, a distribuição dos fatores de risco para o câncer pode ser obtida através de inquéritos populacionais ou estudos epidemiológicos. Desde 2006, o Ministério da Saúde apresenta as estimativas de frequência e de distribuição dos fatores de risco e proteção para as doenças crônicas em todas as capitais e no Distrito Federal.

 

Em 2016, foi publicado o primeiro estudo realizado no Brasil sobre a proporção dos casos de câncer atribuídos a fatores ambientais, ocupacionais e comportamentais. Os resultados apontaram que os fatores de risco estudados contribuirão para 34% dos casos de câncer em homens e 35% em mulheres em 2020. Também contribuirão para 46% das mortes em homens e 39% das mulheres. Os três principais fatores de risco relacionados à ocorrência de câncer na população brasileira foram consumo de cigarro, exposição a alguns agentes infecciosos e baixo consumo de vegetais.

 

A utilização dessas informações, bem como de dados de estudos e inquéritos em diferentes grupamentos populacionais, possibilita a proposição de políticas públicas para o controle dos diferentes fatores de risco e também para a avaliação do grau de resposta aos programas e as ações de saúde pública.

 

No país, além do interesse e da divulgação dessas informações pelas instituições governamentais, a Saúde Suplementar, por meio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), busca estimular os responsáveis pelas operadoras de saúde a repensarem a organização dos sistemas de saúde, com a incorporação de ações de promoção da qualidade de vida e prevenção de riscos e doenças.

 

Pelo exposto, fica evidente que as ações de prevenção são necessárias, eficazes e relevantes para o controle do câncer no Brasil e em todo o mundo.

 

Fontes: WHO; IARC; Vigitel; Cancer Research UK; ANS; INCA.