Vinicius Campos Leal

Tenho 37 anos, sou casado, tenho duas filhas lindas e um enteado que é meu filho de coração. Sou profissional de TI, mas atuo na área da saúde, no Hospital Pro Criança Cardíaca. No final deste ano, me formo em marketing.

Em novembro de 2015, durante uma colonoscopia feita para descobrir o motivo da presença de sangue em minhas fezes, me senti muito mal e fui diagnosticado com um tumor que, até então, não sabíamos se era maligno ou não. O médico que conduziu o exame foi muito frio (talvez profissional demais) e chamou minha esposa para informá-la do que estava acontecendo: “Seu marido está com uma interrupção no intestino causada por um tumor que, provavelmente, será confirmado como um câncer de reto. Esse é o motivo dessas intensas dores e você tem que conduzi-lo para uma emergência hospitalar imediatamente”.

Como é de se imaginar, minha esposa chorou bastante, mas, até então, ainda não havia escutado a palavra “câncer” e não conseguia pensar em outra coisa até chegar no hospital, pois as dores eram muito intensas. Minha esposa enxugou as lágrimas e, como uma verdadeira guerreira , dirigiu em tempo recorde até o Hospital Pasteur, em pleno horário de rush de uma quarta-feira.

No hospital, segui para o atendimento de emergência e fiquei aguardando das 19 às 23 horas até ser atendido pelo cirurgião de plantão, que me encaminhou para a internação e prescreveu mais alguns exames complementares para que, no dia seguinte, o cirurgião titular me avaliasse.

Por volta das 21h, meu irmão do meio chegou com minha cunhada e minha mãe. Eles me deram muita confiança e fé! Quando meu irmão foi me ver, olhei chorando pra ele e revelei minha preocupação. Então, ele segurou os meus cabelos pela nuca, olhou bem sério pra mim e disse: “Você vai sair daqui bem! Tudo que acontece em nossa vida tem a permissão de Deus por algum motivo. Você tem que obedecer à vontade de Deus e confiar nele. Você obedece?! Então, fala pra mim: ‘Eu obedeço’! Lembre-se de que o guerreiro de fé nunca gela!”. Segui suas ordens e fiquei mais calmo e confiante.

Minha esposa, em um dos muitos dias segurando o soro enquanto usava o banheiro, me disse: “Minha vida, você vai sair bem desta, tenho certeza disso. Seremos ainda mais felizes do que já fomos até hoje! Vamos realizar nossos sonhos!”.

Durante a noite, tomei três doses de morfina e a dor não passava, mas já estava sob o efeito de uma fé inabalável que nasceu dentro de mim com um força tamanha que, desde então, eu nunca mais senti medo!

Fiquei uma semana internando, melhorei em relação à interrupção e fui para casa para aguardar o resultado da biópsia, já ciente pelo meu cirurgião (Dr. Marcio Jamel) de que eu teria que fazer uma cirurgia para remover o tumor. Ele foi um dos médicos extraordinários dos quais tive a sorte e a benção de ser atendido.

Após uma semana, fui para casa e recebi o carinho da família por mais uma semana. Nesse intervalo, estive no consultório do Dr. Jamel, que entregou-me o resultado da biópsia que acusava “positivo”, ou seja, eu realmente tinha um câncer de reto. Porém, o tumor tinha 26 cm e estava mapeado com excelentes perspectivas para um remoção cirúrgica completa.

No dia 7 de dezembro, eu entrei na sala de cirurgia com confiança e fé imensas e indescritíveis. Durante todo o trajeto, eu orava e agradecia a Deus por estar recebendo essa nova oportunidade de vida! Prometi para mim mesmo, antes de ser “apagado” pela anestesia, a deixar a vida sedentária e os péssimos hábitos alimentares para trás praticando esportes e também a dobrar os joelhos e agradecer a Deus todos os dias. Mas, para mim, ainda era pouco, então prometi que, assim como o esporte, incluiria em minha rotina algum trabalho com o qual eu pudesse influenciar positivamente a vida das pessoas que mais precisam de ajuda. Sejam as mais carentes ou os irmãos e guerreiros que lutam heroicamente contra essa provação chamada câncer.

A cirurgia foi um sucesso e, uma semana depois, eu estava em casa, com as esperanças renovadas, já pensando na nova vida. Apenas 15 dias após a cirurgia, na retirada dos pontos — com o Dr. Marcio Jamel —, fui informado de que o resultado da macrobiópsia foi excelente. Eu não tinha linfonodos com malignitude. Sendo assim, fui encaminhado para o Dr. Marcelo Campelo, para que ele avaliasse a necessidade ou não de um tratamento complementar (nesse momento, minha expectativa era voltar a trabalhar no início de fevereiro, sem nenhum tipo de quimioterapia ou radioterapia).

Porem, o Dr. Marcelo me explicou que, apesar de todos os exames apresentarem ótimos resultados, devido ao meu perfil ser muito “fora da curva” para esse tipo de câncer , principalmente pela idade e por não apresentar histórico familiar, eu deveria passar por um tratamento de radioterapia + quimioterapia.

Durante alguns minutos, a notícia me jogou para baixo, por todo o rótulo de tratamento agressivo e, principalmente, pelo fato de os exames apontarem os melhores indicadores possíveis. Fui encaminhado para a também maravilhosa Dra. Lilian, que conduziu minha rádio durante 28 dias, de fevereiro a março deste ano. Ela, assim como o Dr. Marcelo, sempre com um ótimo astral, muita simplicidade e incrível habilidade para explicar todas as fases e resultados do tratamento.

Hoje, dia 15/4/2016, estou no Pasteur para pegar os remédios do terceiro ciclo de químio que iniciarei amanhã. Acredito que, em julho, se Deus quiser, eu receba a alta da quimioterapia. Gosto muito de relembrar as palavras da Dra. Lilian ao final da radioterapia, quando perguntei se o resultado estava dentro do esperado e o que as imagens diziam. Assim disse ela: “Não tenho o que analisar nas imagens, você não tem mais nada! Lembre-se, você está fazendo um tratamento agressivo, sim, mas por precaução. E você responde a esse tratamento e a essa fase da sua vida de maneira fantástica, você é incrível!”. Suas palavras me causaram grande emoção.

Agora, cumprindo as promessas , estou atuando num centro espírita Kardecista (GECE — Grupo Espírita Caminho da Esperança) como evangelizador, aos sábados. Tenho uma turminha de jovens carentes de 12 e 13 anos e, nas manhãs de sábado, conversamos sobre o cristianismo e seu legado divino.

Em relação aos esportes, uma semana após retirar os pontos, fui autorizado a caminhar e dei minha primeira “corridinha” — isso às vésperas do ano-novo, em dezembro de 2015. Bem devagar, fui progressivamente aumentando o ritmo. Hoje, faço questão de me exercitar todos os dias, alternando os treinos na academia com as corridas. Atualmente, corro três vezes por semana e hoje, pela primeira vez, ultrapassei a casa dos 10 km, fazendo 11,5 km em 1h13. Minha amada esposa é guerreira de fé e me acompanha. Junto com alguns amigos e familiares, correremos a São Silvestre no fim do ano!