Anna Barreto

Descobri meu câncer de mama em 2014. Eu sou paciente do Oncologia Americas. Ao receber o diagnóstico, reagi de forma surpreendente: decidi que enfrentaria tudo com força e fé e que descobriria os propósitos da minha luta. Nunca perguntei “Por que eu?”, mas sim “Pra que eu?”, pois precisava descobrir o que faria com tudo aquilo.

Em dezembro, fiz mastectomia total, retirando inclusive a aréola e o mamilo. Ao me olhar no espelho, chorei muito. Não existe outra palavra para descrever a triste visão: mutilada. Eu estava, realmente, mutilada. Depois do choque, sacudi a poeira e fui em frente. “Perder para ganhar.” Eu perdi o seio, mas sabia que ganharia muito mais de volta: com o meu depoimento, poderia ajudar outras pessoas a passar pela dor encontrando beleza e alegria. Escrevi um livro, gravei vídeos no YouTube, criei um blog, compus um louvor.

A prevenção é o melhor caminho, pois, se o câncer for descoberto no início, a chance de cura é muito maior. Como eu fui diagnosticada cedo e por causa do meu tipo de câncer, não precisei fazer quimioterapia nem radioterapia. Hoje o meu combustível de vida é ajudar outras mulheres da maneira como elas quiserem: bater um papo para contar a minha experiência, dar um livro, mostrar como meu seio ficou depois da reconstrução. Incompleta? Menos feminina? De jeito nenhum. Nós, mulheres mastectomizadas, somos guerreiras e não temos uma cicatriz, uma marca. Temos um marco, pois a vida nunca mais volta a ser a mesma. Se decidirmos assim, ela se torna muito melhor.

Ainda faço tratamento com Tamoxifeno e tenho alguns efeitos colaterais, mas o desejo de viver é mais forte do que qualquer efeito. Hoje dou muito mais valor à vida, a cada dia que tenho, pois cada dia é um presente, e nós temos a oportunidade de decidir o que vamos fazer com ele. O câncer não é uma sentença de morte, mas sim uma lição difícil que nos possibilita ver o mundo de uma forma que não víamos antes. O desejo do meu coração é que quem estiver passando por essa luta possa encontrar paz e alegria em meio à dor.
Meus parabéns aos profissionais da Oncologia Americas pela iniciativa.