Alessandra Silveira

Meu nome é Alessandra Silveira. Fui diagnosticada com câncer de cólon retal, em 2011, depois de uma peregrinação de mais de um ano, entre médicos e exames e conviver com fortes dores na pelve. Cheguei ao ponto de quase não poder andar direito, de tanta dor.

Finalmente, depois desse tempo, já superdebilitada, e aos 43 minutos do segundo tempo, como gosto de narrar, acertei com o médico e os exames. Tudo foi às pressas; em 15 dias, fui da colonoscopia corretamente realizada a um diagnóstico de tumor no intestino e à sala de cirurgia, uma vez que o tumor estava a milímetros de fechar meu intestino, e, se isso ocorresse, a infecção seria certa, e o óbito, uma possibilidade muito real.

Minha cirurgia foi de risco médio, e, para piorar, em vez de quatro dias no hospital, fiquei 15, por conta de um líquido intestinal, que teve de ser drenado. Tudo foi tão rápido que parecia um grande pesadelo. Eu era uma jovem de pouco mais de 30 anos, saudável, sem vícios, ativa, com meu trabalho, família, amigos e uma vida por levar. E, de repente, me vi em uma cama de hospital, sem saber se eu sobreviveria.

Depois do calvário de quase dois anos de dor e incertezas, posso dizer que nasci de novo. Após a cirurgia, além da recuperação normal, tive de aprender a comer de novo, ganhar peso e de me submeter ao procedimento de implantação de um cateter para a quimioterapia. Mas tudo bem. Não existia mais dor. O processo de envelhecimento da minha pele parou, e finalmente tive um respiro.

Depois que finalmente saí do hospital, cheguei ao Oncologia Americas, e posso dizer que este lugar é abençoado. Esta clínica não é uma simples clínica de tratamento, e sim um centro de recuperação. Isso pode parecer pouco, mas esse olhar faz toda a diferença.

Confesso que cheguei com medo; afinal, todo o mundo sabe o de que um oncologista trata, e, as essas alturas, o resultado da biópsia já havia sido entregue pelo cirurgião: tumor maligno.

Ninguém nos prepara para isso. Num dia, sua vida está bem; de repente, você começa a se sentir mal, e o mal cresce, a dor aparece, beirando o insuportável. Aí, segue a sequência: hospital, cirurgia, remédios, cuidados; agora, explicitamente, a palavrinha… câncer.

No Oncologia Americas, fui, e ainda sou, atendida pelo Dr. Fernando Meton. Excelente médico e excelente ser humano. Foi a forma aberta, franca, segura, didática, inteligente e humanizada de me fazer entender o câncer e o tratamento ao qual eu seria submetida que fez a diferença.

Fiz 12 sessões de quimioterapia, semana sim, semana não. Não foi fácil. A medicação é muito forte, provoca muita náusea, e há muitos remédios para ajudar a suportar. Eram tantos que quase não dormia, por conta dos horários da medicação. Sentia-me fraca e debilitada.

Após três sessões, comecei a voltar ao trabalho aos poucos, na semana de intervalo. Um santo remédio, ver pessoas, ter rotina, e ficava o tempo que podia. O apoio dos colegas e superiores foi fundamental. As visitas dos amigos e da família também foram bons momentos. O carinho das pessoas nos fortalece.

Às vezes, queria ficar sozinha. E, então, fazia caminhadas para ver paisagens e lia livros. Posso dizer que fiz a minha parte. Foram tantos médicos e enfermeiros que lutaram pela minha recuperação que eu acreditava e, ainda acredito, que o mínimo que eu poderia fazer seria contribuir com a minha parte no tratamento, ficar bem e viver.

Meu tratamento, após a cirurgia, durou seis meses e terminou pouco antes do carnaval de 2012. O ano em que todos diziam que o mundo ia acabar (risos). E me lembro de ter pensado que, se fosse verdade, eu teria nove meses para aproveitar ao máximo. Felizmente, ainda temos muito mundo pela frente e muito o que aproveitar.

A equipe do Oncologia Americas é muito boa. Dos atendentes, passando pelos médicos e pelo corpo de enfermagem que me atendeu, durante todo o processo. O carinho, o respeito, a camaradagem com que me trataram fizeram a diferença. Depois do tratamento, realizado mensalmente, durante mais de três anos, para a limpeza mensal do cateter.

Acredito que saí disso mais forte, ainda mais ligada ao simples e básicos bons momentos da vida, e com maior atenção a mim.

Quando acabou o tratamento, eu pensei, e agora? Consultas e monitoramento?

Mas queria fazer mais que isso. Então, criei meu projeto de cinco anos e elenquei dez coisas as quais eu adoraria fazer, que poderia fazer e que antes não tive como. E também pensei ser essa uma maneira de homenagear todos aqueles que também foram responsáveis por aquela probabilidade de óbito não se concretizar tão cedo.

Era o mínimo que eu poderia fazer: viver. Aproveitar meus dias, um dia de cada vez. Posso dizer que aprecio um desafio.

Nos últimos três anos, voltei a trabalhar, participei de alguns projetos importantes na minha empresa, que sempre me apoiou. Visitei alguns lugares mundo a fora que sempre tive vontade; subi montanhas; pirâmides; vi alguns lugares incríveis e peregrinei; fiz trabalho voluntário, nacional e internacional; senti as sensações do bem; e a melhor que existe: tive a benção de poder voltar a fazer tudo isso.

Retornei à Universidade e me pós-graduei em Relações Internacionais. Divirto-me com meus amigos e com a família e procuro sempre ajudar o próximo ao meu alcance. Vou seguindo com a vida.

Entre várias outras coisas pessoais que tenho conseguido nesses três anos de vida, o melhor de tudo é: tenho vivido, e bem!

Em julho de 2014, após três anos de me submeter à cirurgia, retirei o cateter, o que foi um alívio. E, em dezembro de 2014, foram completados três anos do fim do tratamento. O Dr. Fernando Meton atestou que sigo em boa recuperação. Mais seis meses. Já estou planejando mais um ponto da minha lista. Ainda faltam dois anos.

O meu agradecimento a todas as pessoas que fizeram parte da minha luta e da minha recuperação.

O meu muito obrigada a todos os que fazem parte do Oncologia Americas. Espero poder retribuir todo o carinho e o apoio de vocês, vivendo bem e feliz.

Deus os abençoe!